Minha velha Sintra

Ao fim de tantos anos, lá arranjei coragem...

Hoje ao fim de tanto tempo, lá arranjei coragem e numa tipica manhã invernosa de Março aventurei-me a fazer aquilo que tantas vezes fiz de automóvel; ou seja; percorrer o Parque da Pena desde a Vila de Sintra, até ao topo da serra junto ao Castelo e Palácio. Isto num percurso de subidas íngremes e descidas serpenteantes com curvas quase impossíveis. Com cores, vegetação e cheiros, diferentes de tudo que já vira. Ao todo foram quase 10 km, mas valeu, oh se valeu...

(...)ela (Sintra), desabrocha tal um tumuoltuoso mas ameníssimo cerro em cujos pendores se imobilizaram as mais românticas penedias, dir-se-ia que surpreendidas nas posturas dum maravilhoso cataclismo.Pelas quebradas, coleando nos declives, emboscadas em jardins, as Quintas, enobrecidas, muitas, por tradições de histórias e de poesia.(...)"Guia de Portugal de Raul Proença, 1924

De carro não se consegue tirar o total partido da beleza natural do Parque da Pena.

Tal como Amaro, o peregrino da Pena de Sintra não deverá dirigir-se directamente ao Centro. Esse percurso em linha recta não existe, em Sintra. E é por isso que, ao longo de todo o percurso encontrará lugares de paragem obrigatória, verdadeiros livros abertos de leitura imprescindível neste processo de descoberta exterior e interior. Eles são as “ilhas” de Santo Amaro, onde o peregrino– tal como o Santo – encontrará simultaneamente conforto e desafio (“por um lado, é nelas que descansa e obtém mantimentos, por outro nelas deparam-se-lhe vários perigos e tentações que, no entanto, lhe fornecem o conhecimento necessário para a visão do paraíso terrestre”.

uma das primeiras ilustrações do palácio da Pena.

O Real Parque da Pena da Serra de Sintra é uma propriedade murada, situada nos cumes da área nascente/oriental da Serra, com altos penedos e pronunciados vales, de exposição preferencial a Norte. A altura máxima do Parque encontra-se na Cruz Alta (o pico mais alto da Serra, com 528 metros) e a zona mais baixa é a da Feteira da Condessa, situando-se a casa dos 380 metros.

O Parque (tal como o conhecemos hoje - nasceu do impulso de um homem - o Rei-Consorte D.Fernando II, mais tarde apoiado pela sua segunda esposa, Elise Hensler, a Condessa d'Edla - mas a verdade é que o espaço da Pena apresenta vestígios de ocupação milenar. D.Fernando moldou-o, e criou na sua intramuros um maravilhoso "Parque de Aclimação Florestal" de características verdadeiramente impares.

O Guerreiro da Pena de Sintra

O Guerreiro apresenta-se de pé e olhando em frente - precisamente na direcção do Palácio - sobre uma base de pedra na qual se encontra inscrito o número (data?) 1848. Tratar-se-á, de acordo com a versão mais aceite, da imagem do Barão de Eschwege (Wilhelm Ludwig von Eschwege), colaborador incansável de D.Fernando II na criação da obra magnífica que é a Pena. A estátua é em pedra (ao passo que a lança é em ferro), e as suas medidas são (de acordo com a Monografia do Parque da Pena) as seguintes: altura - 2,75m; lança - 2,80m; largura de ombros - 0,75m; pé - 0,35m; escudo - 0,65m x 1m.

um dos famosos lagos com a torre

A arquitectura em sintonia com a natureza.

Casa dos Penedos é um dos edificios particulares mais importantes.

A cada canto da Vila existe um pedaço para apreciar

O final sabe sempre bem e fica o sentido de dever cumprido. Mais um belo exemplo arquitectónico de como belas construções não estragam a paisagem.