Luto é Deus entrar em casa, tirar tudo e todos do lugar e depois dizer: "Agora arrume." E eles conseguiram...
Faz hoje 10 anos que Portugal chorou a tragédia de Entre os Rios. Ainda hoje me emociono ao recordar o azar e tragédia daquelas familias. Uma ponte desmoronou, exactamente no pior momento. Na altura iam a passar alguns autocarros vindos de excursões e outro carro. Todos caíram ao rio e como resultado, morreram 59 pessoas. 36 nunca apareceram. Foi, é e será uma noite que ninguém pode esquecer nunca. Um país inteiro ficou de luto.
A queda da ponte foi o resultado de décadas de esquecimento de uma região do país. Politicos e entidades regionais tiveram culpa, ao não cuidarem da manutenção da única ponte de acesso a esta localidade do interior português.
Dez anos após a tragédia de Entre-os-Rios, ainda sobram lutos. E promessas por cumprir. Castelo de Paiva ganhou duas pontes, mas perdeu a década. Histórias de uma terra, de vidas que andaram para a frente e de outras calamidades que lhe aconteceram.
Das margens, "ainda hoje se atiram flores ao rio", sabe a investigadora Cristiana Ferreira, que registou os silêncios e as conversas com familiares das vítimas, numa tese sobre o luto e a tragédia: "Esta gente agarra-se ao passado e nem sempre consegue dar o salto. Houve muitos apoios, mas faltaram terapias de grupo entre os paivenses." Um deles disse-lhe: "Se eu achasse que a morte é o fim, ficava maluco." Ficam as palavras...
Reportagem do acontecimento na televisão
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