quarta-feira, 19 de junho de 2013

Que Cinema no futuro?

Lucas e Spielberg a apontarem para o futuro?

Deixou-me perplexo uma entrevista dada por estes dois magos do cinema.

Neste futuro iminente, “haverá grandes filmes num grande ecrã, e isso custará muito dinheiro e tudo o resto estará num pequeno ecrã”, disse Lucas, na quarta-feira, em Los Angeles, numa conferência da Escola de Artes Cinematográficas da Universidade da Califórnia do Sul. “Já é quase assim. Lincoln (de Spielberg, nomeado para Óscar de Melhor Filme e Melhor Realizador) e Red Tails (2012, com Lucas como produtor executivo) mal chegaram às salas. Estamos a falar de Steven Spielberg e George Lucas não conseguirem ter os seus filmes nos cinemas.”

Cada vez mais os estúdios procuram lançar filmes de sucesso fácil, com argumentos simples e baratos. As adaptações de super heróis e o renascimento de sagas com sucesso assegurado são cada vez mais o futuro. No ano passado o filme mais visto foi "Avengers"...
O regresso de Superhomem, Star Trek, Homem de Ferro, Homem Aranha, Batman, etc têm batido recordes de audiências.
Avatar e a nova triologia dos aneis, como Hobbit, são excepções com excelentes guiões e efeitos especiais. Estamos na era digital, mas perde-se um pouco a essência do cinema.
O cinema não serve só para distrair, deve ser um instrumento cultural para ensinar, cultivar.
Vejamos o caso de "Lincoln" e Red Tails". São 2 filmes baseados em histórias verdadeiras, em épocas diferentes, sobre a cultura dos EUA. Comercialmente foram um fracasso, quando comparados com outros filmes referênciados aqui.

” No início do ano, Steven Soderbergh anunciou que iria abandonar o cinema porque Behind the Candelabra, o biopic sobre Liberace que esteve em Cannes há um mês, não conseguiu chegar às salas norte-americanas, tendo sido exibido exactamente na HBO".
“Vai haver uma implosão em que três ou quatro, ou talvez mesmo meia dúzia destes filmes de mega-orçamentos se espalhem ao comprido e isso vai mudar o paradigma outra vez”, acredita Spielberg, falando da insistência dos grandes estúdios em apostar tudo num único título que custe centenas de milhões. De fora ficam filmes mais pessoais de jovens realizadores que, para Spielberg, são “demasiado à margem” para Hollywood – que, acredita o realizador de ET, não os sabe produzir. Lucas sente que o marketing para as massas é demasiado pesado e oneroso e que, no fim de contas, os públicos de nicho estão a ser ignorados.

Este ano é uma bela amostra do que estamos aqui a falar. Temos como cabeças de cartaz dezenas de filmes de super herois. Isto leva-nos a outra conclusão surpreendente.

“Menos salas, salas maiores com muitas coisas boas. Ir ao cinema custará 50 dólares ou 100 ou 150, como o que custa hoje a Broadway ou um jogo de futebol”, descreve Lucas, que acredita que os filmes ficarão em exibição durante um ano, como acontece com as peças da Broadway.
Spielberg exemplifica: “Vão ter de pagar 19 euros para ver o próximo Iron Man. Provavelmente só terão de pagar cinco para ver Lincoln.”
Quanto aos conteúdos que não cheguem às grandes salas, serão cada vez mais alimento do video on demand, da Internet e da própria televisão, cuja produção actual, especialmente nos canais por subscrição, considera ser bem mais inovadora. “Acredito que, no fim de contas, filmes como Lincoln vão deixar o grande ecrã para ser apenas difundidos na televisão.”

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